" — Eu não vou insistir. Você irá perceber que o
que estou dizendo é a mais pura verdade. E você virá ao meu encontro e eu vou estar
de braços abertos para vivermos nossa história, o amor que nasceu em nós quando
você tinha apenas doze anos. Eu te amei naquele dia. Senti que você era
especial. Você era como uma flor, tão linda e tão frágil. Eu vi que você
precisava de alguém que estivesse ali ao seu lado, te protegendo, te amando
mesmo em silêncio só porque você era muito criança ainda para perceber esses
sentimentos. Eu vi você crescer, desabrochar, passar pela fase do patinho feio
que você costumava dizer e chegar ao belo cisne. Você sempre foi tão inocente,
tão menina, tão pura. Eu esperava que um dia você mesma chegasse à conclusão
que os sentimentos que nutria por mim não eram de irmãos, de protetor e
protegida. Era amor! Amor de homem e mulher. Eu vi você crescer ao meu lado, Laura.
Conheço tudo em você. Cada olhar que você tem. Quando você gosta de algo ou
desgosta. Quando você está triste ou feliz. Quando se zanga com alguma coisa,
alguma injustiça que alguém sofre. Até o seu sorriso eu conheço. Sei exatamente
quando você está fingindo sobre alguma coisa que você não tem coragem de falar
a verdade, apenas para não magoar ou ser mal educada com alguém que não é
gentil com você. Eu te conheço Laura, como conheço a mim mesmo."
Trecho do romance Dois lados de meu corpo - Maria Guedes - Ed. Clube de Autores
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